terça-feira, 27 de julho de 2010





Luiz acabara de escovar os dentes, bebeu um copo d’água para tirar o gosto de creme dental da boca, e sentou-se cama. Depois de tudo o que havia passado naquele dia, não poderia simplesmente deitar e dormir; jamais conseguiria realizar tão difícil tarefa. Sua cabeça estava a mil com todos aqueles pensamentos.


Após 2 segundos de intensa repressão, quis ir para rua, sentar-se-ia, como sempre, no chão da esquina. Ali, olhou para o quase limpo céu, estrelado, luado.

Algo não saia de sua cabeça: lera recentemente, no livro “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse, algo sobre o suicídio; o quanto poderia ser um ato divino, cheio de autoconhecimento e até amor próprio e o quanto poderia ser cheio de covardia, abandono e egoísmo.

Decerto este ato poderia ser muito contrastante. Ele não concordava com as pessoas que se suicidavam, por mais que elas soubessem e quisessem. A vida era vista por ele como um caminho, onde o abandono do mesmo significaria fraqueza; ele não se via como uma pessoa fraca, porém, poucas vezes na vida sentiu real vontade de viver. Nunca conseguira responder sua pergunta mais angustiante, dentre as tantas outras que vivia se fazendo em momentos como este: “What the hell am I doing here?”

Observou a lua e viu que ainda estava cheia, assim como dias antes, quando voltava completamente realizado, enamorado, feliz para a casa, com a lua a lhe guiar. Ele via na lua uma constante contradição de sentimentos. Via nela tamanha tristeza e ao mesmo tempo alegria imensa, um confronto intenso, cheio de prazeres e dores.

Percebia a solidão que a Lua podia sentir, prostrada lá em cima. Enquanto girava lentamente ao redor de um planeta, onde os habitantes, que tanto diziam amá-la, não tinham sequer amor próprio. A Lua observava as estrelas, distantes, conversarem entre si, e, nesta interminável festa, brindarem o prazer de ter luz própria, coisa que ela, a Lua, jamais poderia ter. Porém, estava sempre a sorrir para todos. E Luiz não entendia o porquê desta inabalável alegria. Talvez fossem os enamorados, que possivelmente ela observava, escondida, pela varanda dalgum bar; talvez fossem as nuvens, que insistiam em tentar compartilhar o espaço com ela no céu; ou, talvez, fosse o Sol, que sempre dividia sua graça com ela, emprestando um pouco de sua energia para que ela se aquecesse e iluminasse nas noites frias.

Decerto o Sol devia ser um grande amigo (seriam eles apenas amigos?). Graças a ele a Lua podia brilhar e encantar pessoas como o Luiz, que em noites frias sentava-se no chão da esquina a se lembrar de bons e maus momentos de sua vida, a pensar coisas boas e coisas ruins; ele, que tanto amava a vida e aplaudia tudo que era criado pela mão da natureza, esta inspiradora artista, que, com sua agulha mágica, borda toda a essência do que nela É.

5 comentários:

Thata disse...

Oi Thiago. Nãoi julgo vc! eh mais gostoso dissertar sobre a lua do que sobre suicídio. não sei se te falei... mas vc escreve muito bem. :)
bjo. thata

Juliana Sayão disse...

A lua estava linda hoje. E esse seu texto estava envolto em seus pensamentos no momento que citou ela não é mesmo ? *-*
A minha verdadeira paixão,é sobre o segredo da beleza que o céu tem. *-*

Seus textos cada vez mais maravilhosos e encantadores. (:

Cavaleiro da Triste Figura disse...

Thata: ainn.... Obrigado... 8)

Juh: Na verdade ontem, la na aula de forró, eu já tinha postado este texto. Eu escrevi ele segunda a noite, de fato eu fui para esquina e comecei a escrever, e a lua estava la em cima, pelo 3º dia, linda. E eu já estava começando a escrever sobre um tema que li num livro que estou lendo, mas ai fui citar a lua e pronto, Escrevi mais um sobre a lua!! kkkk

Bjos para vcs duas!!!

Ariela disse...

São em situações como essa que me pergunto se os Incas não estavam certos quando disseram que o mundo surgiu do amor do Deus Sol com a Deusa Lua.
Mas seja o que for, devemos concordar que a noite é um tanto reflexiva.

Cavaleiro da Triste Figura disse...

Decerto... apaixonantemente reflexiva!!

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