quinta-feira, 29 de julho de 2010

O garoto quixote e a menina dos olhos de estrela.


Alonso Quijano não conseguia dormir, tivera o que talvez fosse um dos melhores dias de sua vida. Deitado na cama, com um bobo sorriso, lembra-se claramente do momento em que viu pela primeira vez os olhos verdes (ou seriam azuis?) de Dulcinéia.

“Ah, doce Dulcineia”. Suave voz a cantar uma bela canção, que falava sobre uma linda bailarina e um singular soldadinho de chumbo. “Ah, Dulcinéia”, suspirava Quijano constantemente, ao se lembrar de cada curva daquele belo rosto de boneca de pano, que ele mapeara usando as mãos, marcando na memória cada traço de tão jovial face. “Ah, doce Dulcinéia”.

Quijano, encantado com singular dama, chamou-a para dançar. Os dois, formando uma linda ciranda de sorrisos e batimentos cardíacos, apenas conseguiam se olhar, sem nada falar, só olhar (olhos nos olhos). Era como se tudo o que pudesse ser dito não chegasse nem perto do que era transmitido (olhos nos olhos). Como se não houvesse mais um mundo ao redor, apenas os dois, a linda contralto e o maravilhado tenor, num carrossel. A se olhar. A girar. A se beijar. Olhos nos olhos. A se apaixonar. 
Encontrei a IMG aqui: http://www.marciomelo.com/1999/1999.htm

terça-feira, 27 de julho de 2010





Luiz acabara de escovar os dentes, bebeu um copo d’água para tirar o gosto de creme dental da boca, e sentou-se cama. Depois de tudo o que havia passado naquele dia, não poderia simplesmente deitar e dormir; jamais conseguiria realizar tão difícil tarefa. Sua cabeça estava a mil com todos aqueles pensamentos.


Após 2 segundos de intensa repressão, quis ir para rua, sentar-se-ia, como sempre, no chão da esquina. Ali, olhou para o quase limpo céu, estrelado, luado.

Algo não saia de sua cabeça: lera recentemente, no livro “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse, algo sobre o suicídio; o quanto poderia ser um ato divino, cheio de autoconhecimento e até amor próprio e o quanto poderia ser cheio de covardia, abandono e egoísmo.

Decerto este ato poderia ser muito contrastante. Ele não concordava com as pessoas que se suicidavam, por mais que elas soubessem e quisessem. A vida era vista por ele como um caminho, onde o abandono do mesmo significaria fraqueza; ele não se via como uma pessoa fraca, porém, poucas vezes na vida sentiu real vontade de viver. Nunca conseguira responder sua pergunta mais angustiante, dentre as tantas outras que vivia se fazendo em momentos como este: “What the hell am I doing here?”

Observou a lua e viu que ainda estava cheia, assim como dias antes, quando voltava completamente realizado, enamorado, feliz para a casa, com a lua a lhe guiar. Ele via na lua uma constante contradição de sentimentos. Via nela tamanha tristeza e ao mesmo tempo alegria imensa, um confronto intenso, cheio de prazeres e dores.

Percebia a solidão que a Lua podia sentir, prostrada lá em cima. Enquanto girava lentamente ao redor de um planeta, onde os habitantes, que tanto diziam amá-la, não tinham sequer amor próprio. A Lua observava as estrelas, distantes, conversarem entre si, e, nesta interminável festa, brindarem o prazer de ter luz própria, coisa que ela, a Lua, jamais poderia ter. Porém, estava sempre a sorrir para todos. E Luiz não entendia o porquê desta inabalável alegria. Talvez fossem os enamorados, que possivelmente ela observava, escondida, pela varanda dalgum bar; talvez fossem as nuvens, que insistiam em tentar compartilhar o espaço com ela no céu; ou, talvez, fosse o Sol, que sempre dividia sua graça com ela, emprestando um pouco de sua energia para que ela se aquecesse e iluminasse nas noites frias.

Decerto o Sol devia ser um grande amigo (seriam eles apenas amigos?). Graças a ele a Lua podia brilhar e encantar pessoas como o Luiz, que em noites frias sentava-se no chão da esquina a se lembrar de bons e maus momentos de sua vida, a pensar coisas boas e coisas ruins; ele, que tanto amava a vida e aplaudia tudo que era criado pela mão da natureza, esta inspiradora artista, que, com sua agulha mágica, borda toda a essência do que nela É.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O sonho - Parte II

Caros leitores, (Não consigo gostar desta abordagem nem fudendo!! ¬¬')
Esta é a segunda parte da estória (ou história?) "O sonho".  Se você não leu a primeira, sugiro que leia antes desta, para a que haja a devida compreensão da mensagem que eu (acho) tento passar aqui.


Deixem seus comentários dizendo suas opiniões, critiquem por favor, caso hajam duvidas, perguntem, obviamente espero que voltem posteriormente, pois pretendo responder a todos comentários.


Mais uma vez, agradeço sua visita. Espero que goste. 

Ass: D. Quixote de La Mancha.

ôÕ

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Parte II



Acordou assustado.  – Que sonho estranho fora aquele? – pensou. Lembrava-se de cada detalhe, cada estrela que viu passar. Aquela luz, aquele “ser”. Parecia ter sido tão real (e não foi?). Com as costas doendo e sem entender nada, entrou e foi para o quarto dormir em sua cama.

Levou algum tempo para conseguir dormir. Ficou pensando no sonho que tivera há pouco. Diante de tudo aquilo se sentia tão pequeno. Por que razão ele estava ali afinal? Que merda de motivo ele tinha para existir. E aquela entidade que ele sentiu no final? Parecia que o observava também, mas como? Ele era tão pequeno. Seria impossível que ele fosse visto. Era como se ele tentasse enxergar dentro de si a estrutura dum átomo, a olho nu.

- Merda! Por que eu estou dando tanta importância para este sonho? Era só um sonho. Não era real. Tudo aquilo não passou de uma ilusão. – Algumas horas de insônia generalizada, e enfim dormiu.

Abriu os olhos e se viu novamente fora de seu corpo. “Droga! Não quero fazer esta viagem novamente”. Tentou com todas as suas forças voltar para dentro de si. Por mais que tentasse, ele não conseguia voltar. Tentou derrubar as coisas do seu quarto, fazer algum barulho para que acordasse, mas nada adiantava.

De repente se sentiu atraído para o seu corpo. Não poderia perder esta oportunidade, então simplesmente se deixou levar. Dentro de si, sentiu que ainda não havia voltado. De alguma forma ele sentia que era ele ainda, mas era como se tivesse percepção de cada músculo, cada órgão: estomago, coração, cérebro, fígado, glândulas salivares, vesícula biliar, todos os ossos, cada pêlo.

Era tudo tão complexo e ao mesmo tempo tão simples. Durante toda a vida acadêmica, foi um péssimo aluno de biologia, nunca entendera porra nenhuma da matéria, mas de uma coisa ele sabia: tudo aquilo o mantinha vivo, era parte dele mesmo.

Parecia que estava encolhendo, pois enxergava tudo tão claramente, mas ao mesmo tempo sabia que ainda estava do mesmo tamanho. Ele apenas estava sentindo seu ser.

Via suas veias e artérias, Via seu sangue passar de um lado para o outro. Via as substancias que o sangue levava. Via suas células, cada uma delas.

Ele sempre teve repúdio a filmes de terror ou suspense, ou qualquer coisa que mostrava um corpo aberto. Todo aquele sangue, aqueles órgãos sendo tirados e postos como se fossem apenas peças de uma máquina (e não eram??). Mas ali tudo aquilo parecia tão simples e ao mesmo tempo tão complexo. Para ele era lindo.

Teve curiosidade de saber o que mais poderia encontrar. Concentrou-se em suas células. Aqueles pedaços de vida que o compunham. Como poderiam estes conjuntos de substancias tão complexas se unir e dar vida a um ser? Até mesmo as bactérias que só têm uma célula são vivas, são alguém.

Lá dentro destas células ele via o núcleo, e dentro dele seu DNA. Certamente era aquilo que fazia dele quem ele é. Era tão complexo. Todas aquelas substancias estranhas que pareciam estar ali por estar, e ao mesmo tempo era tudo tão organizado como se elas quisessem e soubessem o que faziam ali.

Ele sabia que o que formava todas aquelas substancias eram os átomos, aquelas partículas minúsculas que perto das suas células não eram nada. Porém também eram tudo, formavam tudo ao seu redor, e se um átomo for removido do lugar errado, talvez todo seu sistema parasse de funcionar. Talvez ele morresse e tudo aquilo que então ele achava espetacular sumiria.

Agora ele conseguia perceber cada átomo e, dentro dos mesmos, cada elétron, cada próton e até os nêutrons. Lembrou-se do sonho, quando estava vendo toda a galáxia, e de como aquilo parecia um átomo. De fato eram tão parecidos, aquelas partículas minúsculas flutuando ao redor do núcleo numa dança tão belamente colorida.

E se houvesse algo mais ali por dentro? E se, como na galáxia, aquilo não fosse tudo? E se cada partícula daquela for um universo cheio de vida e energia? Se houvesse algo zilhões de vezes menor do que este “algo”? E se tivesse vida também? Assim como ele sonhou ter saído de seu corpo e viu todo aquele show de luzes e energia ao seu redor, este “algo” poderia sair e olhar para ele, e devido a toda a sua grandeza não conseguiria definir o que é. Talvez este “algo” dissesse que estava diante do anjo que acabara de ler nalgum livro, ou – vai saber – talvez até mesmo pensasse estar diante de Deus.

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Escutou então o alarme do celular tocar.
Era hora de levantar.
Tinha que ir trabalhar,
Mas vontade nenhuma tinha.

Se parasse para pensar,
Nada faria sentido.
Se parasse de pensar,
Vivo e feliz se iludiria.
Se nunca pensasse,
Jamais existiria.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O sonho - Parte I

Caros leitores, (credo, isso ta parecendo uma revista... ¬¬') rsrsrs
Há muito vinha pensando em escrever este texto (que foi escrito baseado na leitura de um trecho dum texto de Blase Pascal). E de fato o fiz. Mas devido ao tamanho do mesmo, achei melhor dividi-lo em duas partes. Ou melhor, ele já está naturalmente dividido, eu apenas vou postar respeitando esta divisão.

XD

Espero realmente que gostem...

ass: D. Quixote

ôÕ
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Parte I


Deitado no chão da varanda, ele estava catatónico. Não conseguia pensar em nada direito. Adorou o livro que acabara de ler. Livro este que dizia algo sobre uma garotinha com uma doença mortal, um anjo e um espelho.

Ele havia terminado há pouco e, surpreso, só conseguiu adormecer. Sua cabeça estava a mil. Eram tantos pensamentos que era como se não pensasse em nada.

Começou então a sonhar. No sonho ele saia de seu corpo (seria mesmo um sonho? Parecia tão real). De repente sentiu-se livre, como se pudesse ir a qualquer lugar (Qualquer lugar?). Logo se deu conta de que flutuava, então pensou: “vou onde homem algum foi... Vou além do universo, onde eu possa encontrar os anjos ditos nos livros. Quem sabe até eu possa me encontrar com Deus...”

Antes de sair olhou para si. Como dormia calmo e sereno. Estava seguro ali. Deitado na varanda de casa. Nada podia acontecer a ele. Ali era o seu lugar, tudo o pertencia, a tudo ele pertencia. De alguma forma ele era muito especial ali.

Subia rapidamente em direção ao céu. Algumas vezes olhava para baixo na tentativa de se enxergar, mas já não conseguia mais. Certo momento se deu conta de que podia ver toda a sua cidade. Percebeu então o quanto ele podia ser pequeno. Ali ele era apenas mais um cidadão entre milhares. Sua opinião não era tão significante sozinha, poderia ate dizer que ele não tinha voz. Era apenas um nome dentre tantos outros. Eram tantas histórias alheias em um mesmo lugar. Por que a dele haveria de ter alguma importância? Quis então continuar a subir, ir além. Quem sabe assim descobrisse o quanto valia sua vida perto do infinito.

Notou que quanto mais subia, mais rápido passava a ir. Via agora todo o pais, segundos depois os países vizinhos, o continente inteiro. Quanto mais se distanciava, mais percebia o quanto era pequeno próximo ao tamanho daquele planeta, que agora ele conseguia enxergar por inteiro. Do lado de fora percebia que a vida dele não tinha sentido algum. Provavelmente se ele desaparecesse neste exato momento, nada de realmente importante mudaria num contexto geral. Seus amigos sentiriam sua falta, sua família também, mas o mundo não. O planeta continuaria ali, flutuando ao redor do sol que – por causa da distancia já atingida – ele via como uma pequena bola, do tamanho de uma bola de futebol furada cujo ar saia aos poucos, tornando-a cada vez menor. 

Os demais planetas passavam rapidamente por ele como se fossem bolas de baseball, lançadas uma a uma, sem tempo para o rebatedor descansar. As luzes das estrelas eram pequenas linhas que surgiam e desapareciam à medida que ficavam para trás.

Ao sair da Via Láctea parou um pouco para observar. Todo aquele sistema complexo de estrelas, gases e planetas, o fazia se lembrar das aulas de química: os átomos, as menores partículas da matéria, esferas minúsculas e indivisíveis. Aquela galáxia o lembrava um átomo, porém ele sabia que não era tão indivisível assim, pois há alguns minutos atrás estava sentado na varanda, lendo um livro, num planeta que sequer conseguia enxergar daquela distancia. Certamente o planeta que ele vivia não parecia assim tão importante mais, era apenas o seu lar, mas o que isso deveria significar diante de tanta grandeza? Vida? Que importância tinha a vida perto daquele show de luzes? Ele tinha a resposta, e não era nada positiva.

Quanto mais ia além, mais notava a complexidade das coisas e mais confuso ficava. Todas aquelas galáxias passando uma por uma, às vezes duas de uma só vez. Como átomos que se agrupam, formando alguma espécie de molécula sem sentido. O que poderia haver no final disso tudo? Se o universo é mesmo tão infinito assim, como dizem os astrônomos, ele voaria infinitamente, talvez até se perdesse no caminho. Existiria mesmo um final?

Quis então pagar para ver. Já tinha decidido que não voltaria. Se houvesse algo ele descobriria. Mesmo que não entenda, ele continuará indo infinitamente. Não iria desistir agora que estava ali.

Fechou os olhos e foi o mais rápido que pôde, sentia que ia mais rápido que a luz, mais rápido do que poderia entender se abrisse os olhos. Parou de olhar o caminho e foi. Segundos depois (ou seriam horas, o tempo já não tinha valor algum) sentiu uma energia passar por seu corpo, era uma sensação tão viva. Abriu os olhos e notou que tudo ao seu redor emitia luzes de diversas cores diferentes. Olhou para trás e não conseguia mais distinguir o que era galáxia, parecia que tudo havia se juntado em uma coisa só. Uma coisa tão grande e viva que ele não sabia dizer o que podia ser. Dentro de sua inferioridade não conseguia enxergar tudo, apenas as coisas separadas, mas sentia dentro de si que por menor que fosse ele fazia parte daquilo.



segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pela longa estrada da vida...

São tantos caminhos, tantas decisões a tomar, tantas coisas importantes que parece que nada mais tem a menor importância...
Decidimos... Desistimos... Corremos... E quando assustamos, vemos que não fizemos absolutamente nada.
A vida parece girar constantemente. A vida parece transcorrer indefinidamente ao nosso redor. Mas a verdade (se é que isso existe) é que nada muda.
As pessoas que amamos e achamos que sumiram ainda estão lá, nós apenas nos esquecemos delas. Nossos sonhos, há muito abandonados, não sumiram de nossa mente. Apenas passamos ignorá-los com mais teatralidade. Nossa máscara de pessoa realizada já é utilizada como um utensílio básico para o dia-a-dia. Somos um bando de mentirosos, hipócritas e tolos.
Claro que também é uma grande tolice arriscar perder tudo o que se tem (mesmo não tendo porra nenhuma) para tentar realizar um sonho aparentemente impossível.
Só me pergunto o que fazer... Sinceramente não faço idéia.

Sabe quando vemos uma bifurcação para o futuro. Caminhos diferentes, dispostos à nossa frente para serem trilhados cada um de uma maneira diferente, única. Ambos parecem levar à felicidade, porém somente um pode ser escolhido...

Decisões........
Decisões.............
E mais decisões.............
Oh céus... Oh vidaa......................